Dados do Trabalho

Título

Paralisia Periódica Hipocalêmica: Um Desafio Diagnóstico em Meio a Emergência Médica e Terapia Intensiva

Descrição do caso

Paralisia periódica hipocalêmica é uma emergência médica que apresenta-se com crises de paralisia transitórias, auto-limitadas, associadas à hipocalemia, fraqueza muscular e arritmias. Relatamos o caso de um paciente masculino de 27 anos que após vacinação para tétano (após lesão perfurante em pé), influenza e hepatite B, retornou ao pronto-socorro com edema facial, sendo medicado com prometazina e hidrocortisona. Na manhã seguinte acorda com tetraparesia (MMII grau 2, MMSS grau 4) sem déficit sensitivo. Deu entrada no Pronto socorro, transferido para Unidade de Terapia Intensiva onde apresentou subitamente rebaixamento do nível de consciência, parada cardiorrespiratória em fibrilação ventricular, realizada reanimação cardiopulmonar, desfibrilação e intubação orotraqueal. Após recuperação da circulação espontânea permaneceu em ventilação mecânica, sedoanalgesia e drogas vasoativas para estabilização hemodinâmica.
Durante a internação na UTI, foi observada hipocalemia 2,2mEq/L, sem outras alterações laboratoriais e de imagem. Avaliado pela neurologia, líquor sem alterações, mas, devido histórico vacinal recente, solicitado imunoglobulina para tratamento de Guillain-Barré. Após a correção da hipocalemia, enquanto aguardava a imunoglobulina, acordou com recuperação total de déficit de força, sendo extubado com sucesso. Paciente referiu dois episódios prévios de paraparesia que resolveram-se após hospitalização, porém sem diagnóstico. Recebeu alta com investigação nefrológica para confirmação da hipótese diagnóstica. Neste relato de caso demonstramos a importância dos diagnósticos diferenciais, apesar das características sugestivas de síndrome de Guillain-Barré, as particularidades do quadro levaram a considerar outra etiologia. Portanto, em casos de crises de paralisias flácidas acompanhadas de hipocalemia, essa hipótese diagnóstica deve ser considerada.