Dados do Trabalho

Título

Neurocriptococose em gestante imunocompetente com evolução para Morte Encefálica

Descrição do caso

R.P, 27 anos, feminino, gestante, com idade gestacional de 14 semanas, sem comorbidades, em acompanhamento pré natal adequado, sorologias de doenças infectocontagiosas negativas; história de cefaleia holocraniana, forte intensidade, associada a náuseas e vômitos, refratária a analgesia comum, com 1 semana de evolução. Infecção por SARS-COV-2 há 2 semanas. Admitida consciente, obnubilada, sem déficit neurológico. Líquor com pleocitose (125) linfocítica (93%), glicose consumida (43) e proteínoraquia (32); culturas negativas. Tomografia de Crânio com imagem hipodensa, arrendodada, capsular esquerda, confirmada pela Ressonância magnética lesão bem definida de aspecto cístico na região nucleocapsular sem efeito expansivo, além de 2 lesões semelhantes, corticossubcortical de 0,8 cm e em transição têmporo occipital esquerda com 1,0 cm. Realizada nova punção lombar no 15° de internação devido a piora neurológica, mostrando presença de numerosas células leveduriformes e pesquisa de Cryptococcus positivo. Evoluiu no dia seguinte com rebaixamento do nível de consciência e hiporresponsividade em enfermaria, sendo encaminhada à UTI , onde é admitida com pupilas midriáticas fixas e abolição dos reflexos de tronco; hipotérmica 34°C. Realizada tomografia de crânio de urgência que evidencia edema cerebral difuso e sinais de herniação transforaminal. Exame clínico compatível com morte encefálica (ME), optado por não realização do teste de apneia devido persistência de feto viável intra-útero. Manutenção do suporte artificial avançado da mãe e iniciado tratamento com Anfotericina Lipossomal e acompanhamento seriado sem alterações fetais durante 3 semanas, quando houve perda da vitalidade fetal, na vigência de sepse por germe multidrogarresistente, sendo realizado e concluído exame compatível com Morte encefálica.