Dados do Trabalho

Título

Prevalência e preditores de disfagia orofaríngea 3 meses pós-alta da UTI em pacientes que necessitam de ventilação mecânica invasiva: estudo de coorte prospectivo multicêntrico

Objetivo

Avaliar a prevalência e os preditores de disfagia orofaríngea três meses pós-alta da UTI em pacientes que necessitaram de ventilação mecânica invasiva (VMI).

Métodos

Estudo de coorte prospectivo multicêntrico. Pacientes adultos sobreviventes de internação em UTI ≥3 dias, que necessitaram de VMI e que não apresentavam disfagia na linha de base foram incluídos. O desfecho primário foi disfagia orofaríngea três meses pós-alta da UTI avaliada pela Escala Funcional de Ingestão por Via Oral. Variáveis relacionadas à demografia, saúde pré-admissão na UTI e à doença crítica, foram analisadas como preditores. O questionário SF-12v2 foi utilizado para comparar a qualidade de vida entre pacientes com e sem disfagia orofaríngea.

Resultados

Ao todo, 203 pacientes foram incluídos (43.8%, sexo feminino; idade mediana, 58 anos; tempo mediano de VMI, 3 dias). A prevalência de disfagia orofaríngea três meses pós-alta da UTI foi de 16.7%. Idade ≥65 anos (RP, 1.61; IC95%, 1.23-2.12), anos de educação (RP, 0.92; IC95%, 0.86-0.98) e percentual de risco de morte na admissão na UTI (RP, 2.69; IC95%, 1.37-5.31) se associaram independentemente com disfagia orofaríngea três meses pós-alta da UTI. Pacientes com disfagia orofaríngea apresentaram escores do SF-12v2 significativamente menores nos domínios físico (34.6 vs. 40.5; diferença, -3.54 [IC95%, -5.35 a -1.72]) e mental (46.9 vs. 51.6, diferença, -4.43 [IC95%, -6.30 a -2.53]).

Conclusão

Idade avançada, baixa escolaridade e severidade da doença crítica se associaram a maior prevalência de disfagia orofaríngea três meses pós-UTI. Em comparação a pacientes sem disfagia orofaríngea, pacientes com disfagia orofaríngea apresentaram pior qualidade de vida.