Dados do Trabalho

Título

Importância do reconhecimento da fístula carotídeo-cavernosa pós trauma cranioencefálico no contexto da terapia intensiva

Descrição do caso

O traumatismo cranioencefálico (TCE) é a maior causa de morbimortalidade no mundo, mormente, em adultos jovens. A fístula carotídeo-cavernosa (FCC) é uma complicação rara do TCE que, no entanto, pode implicar em prognóstico reservado. O presente relato salienta a importância do diagnóstico de FCC realizado em uma unidade de terapia intensiva. Masculino, 52 anos, vítima de politrauma, apresenta afundamento em região supraocular direita, com olho direito apresentando equimose, sangramento subconjuntival e proptose pulsátil. Realizou-se angiotomografia que mostrou opacificação precoce do seio cavernoso direito, com aumento de calibre e heterogeneidade de opacificação da veia oftálmica direita, compatível com FCC. No dia seguinte, não havia pulsatilidade ocular e a arteriografia revelou resolução espontânea da FCC. A FCC, manifesta-se imediatamente ou dias a semanas após TCE como resultado da arterialização das veias orbitárias, podendo progredir rapidamente com pressão venosa episcleral elevada, glaucoma secundário, compressão dos nervos cranianos no seio da dura-máter e, raramente, oclusão catastrófica da artéria central da retina. O quadro clínico inclui a presença de sopro subjetivo, visão turva, diplopia e cefaleia, cuja avaliação é prejudicada em pacientes graves e intubados, sendo nesses casos importante buscar o sopro ocular, proptose pulsátil e quemose conjuntival. Em até 60% dos casos ocorre o fechamento espontâneo, contudo, em casos de sintomas neurológicos e/ou drenagem venosa cortical em neuroimagem deve ser realizada obliteração endovascular pelo risco de hemorragia intracraniana. Desse modo, o diagnóstico precoce de FCC em pacientes vítimas de TCE é crucial para o manejo adequado, redução de sequelas neuro-oftalmológicas, bem como, mortalidade.