Dados do Trabalho

Título

Prontuário afetivo e os deslocamentos possíveis: do lugar de paciente ao lugar de sujeito em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Objetivo

Discutir acerca da implementação do prontuário afetivo em uma UTI e às reverberações produzidas na tríade equipe, família e paciente durante a internação.

Métodos

Relato de experiência da implementação de um prontuário afetivo realizado por residentes e preceptores da equipe multidisciplinar do Programa Multiprofissional de Terapia Intensiva de um hospital público de Santa Catarina.

Resultados

A valorização do saber técnico-científico na cena hospitalar, somado às tecnologias duras e a gravidade do adoecimento na UTI, podem tornar o cuidado automatizado, compartimentalizado e mecanicista. Fazendo com que as patologias sobressaiam em relação ao sujeito, provocando o escamoteamento da subjetividade e dando lugar somente à condição de paciente. Sendo esse processo de despersonalização intensificado durante a pandemia da COVID-19. Nessa linha, foi necessário a implementação de práticas que pudessem auxiliar no resgate da identidade do paciente, deslocando-o da posição de doença e objeto e fortalecendo a comunicação entre paciente, equipe e família. Ao longo da aplicação do prontuário afetivo, foi possível retomar aspectos pessoais do sujeito, recuperar o cuidado integral e reforçar as ações em humanização, através da narrativa das características singulares, desejos, preferências e experiência de vida, que versem sobre quem é esse sujeito hospitalizado no leito de UTI.

Conclusão

Conclui-se que o prontuário afetivo proporcionou um ambiente acolhedor para o paciente e familiar, retomando-o na condição de sujeito. Implicando assim em deslocamentos e reverberações na equipe de saúde, onde o rompimento com a mecanização das práticas de cuidados é retirado do foco e abre fissuras para dar espaço à subjetividade.