Dados do Trabalho
Título
Disfunção de múltiplos órgãos por BCGíte no tratamento do câncer de bexiga: Relato de caso
Descrição do caso
A administração intravesical do Bacillus Calmette-Guérin (BCG) é uma imunoterapia adjunta no tratamento de câncer de bexiga. Paciente MZC, 70 anos, com múltiplas comorbidades como o ex-tabagismo e o carcinoma urotelial de bexiga de baixo grau em 2017 submetido a ressecção transuretral e recidivado em 2022 em tratamento adjuvante com BCG intravesical. Interna em 03/2023 com síndrome febril, dor abdominal e hematúria macroscópica há 2 semanas, iniciados após a aplicação da 2º dose de BCG intravesical. Exames admissionais: HB:13, leucocitose, plaquetopenia, Cr:2, Urina I: Leucocitúria 354.000, Hematúria>1 milhão. Evolui após 3 dias com insuficiência respiratória aguda hipoxêmica e aumento de bilirrubinas às custas de direta. Tomografia de tórax com evidência de linfonodomegalias difusas, vidro fosco bilaterais com aspecto consolidativo em lobo inferior direito e derrame pleural bilateral. Toracocentese diagnóstica: critérios de light compatíveis com exsudato, BAAR e micobactérias negativo e PCR BK positivo. Iniciado tratamento empírico para BCGíte com amicacina, levofloxacino e etambutol. Evolui com melhora clínica e alta da UTI após 10 dias. São fatores de risco para a disseminação de Bacillus de Koch a cateterização traumática, a imunossupressão e a idade ≥70 anos. A baixa incidência de complicações infecciosas sistêmicas após BCG intravesical nos estudos de 1 a 4.3% e a baixa sensibilidade das culturas de fluidos corporais e/ou de tecidos em identificar o Mycobacterium bovis, exigem um alto grau de suspeita clínica, tomografia de tórax sugestiva e epidemiologia positiva.
Área
Infecção no paciente grave
Autores
Laura Inez Oliveira Santos, Andréa Remígio Oliveira Leite, Danielle Nagaoka, Pedro Caruso