Dados do Trabalho


Título

O peso da obesidade na prevalência de bactérias multirresistentes em UTIs brasileiras

Objetivo

O manejo de infecções em obesos é um desafio, possivelmente pelas alterações na composição corporal que afetam parâmetros farmacocinéticos. A subdosagem de antibióticos em obesos parece aumentar o risco de desenvolver bactérias multirresistentes (MR). O mecanismo subjacente não é claro, sendo potencialmente ligado a desregulações imunológicas. Nesse contexto, testamos a hipótese da relação do IMC com a prevalência de bactérias MR.

Métodos

Este é um sub-estudo da plataforma IMPACTO-MR com dados de pacientes adultos (≥18 anos), coletados em 2021, em 51 UTIs brasileiras. Foram avaliados dados de IMC, de pacientes com culturas positivas para bactérias MR com perfil de suscetibilidade específico (critério WHO). A identificação microbiológica e o teste de suscetibilidade foram de acordo com a BrCAST.

Resultados

Foram avaliadas 3.076 amostras, de 1.784 pacientes. Dentre as quais, 1.410 positivas para bactérias de interesse WHO. O IMC médio foi de 26,7 kg/m² (6,7), e 53,1% dos pacientes apresentou algum grau de excesso de peso (IMC 25kg/m²), sendo 27,8% obesos. Não houve relação entre obesidade e prevalência de bactérias MR (p=0,381). Quando avaliamos separadamente Enterobacterales, P. aeruginosa, A. baumannii, S. aureus e E. faecium, observamos uma diferença apenas na prevalência de amostras positivas para A. baumannii em obesos (9,3%-17,5%; p=0,039), sendo o A. baumannii associado a mortalidade (p=0,000).

Conclusão

Nesse estudo exploratório, a hipótese da associação entre IMC e bactérias de interesse WHO parece se confirmar, especialmente em relação ao A. baumannii.

Área

Infecção no paciente grave

Autores

Jaqueline Driemeyer C. Horvath, Crepin Aziz Jose Oluwafoumi Agani, Guilhermo Prates Sesin, Tiago Marcon dos Santos, Liliane Spencer Bittencourt Brochier, Alexandre Biasi Cavalcanti