Dados do Trabalho

Título

Contusão pulmonar com fístula aorto-traqueal

Descrição do caso

Oxigenação por membrana extracorpórea veno-venosa (ECMO-VV) pode ser uma terapia salvadora para pacientes com hipoxemia refratária de inúmeras causas, desde que aptos a anticoagulação sistêmica. Esse trabalho relata o caso de um paciente masculino, 42 anos e obeso grau II, que sofreu politraumatismo por acidente automobilístico resultando em trauma torácico fechado com múltiplas fraturas, pneumomediastino e contusão pulmonar, sendo entubado no momento de admissão hospitalar. Evoluiu no sexto dia com desconforto e insuficiência respiratória hipoxêmica com necessidade de prona, sem melhora. Tendo em vista contusão pulmonar extensa associada a síndrome do desconforto respiratório agudo persistente foi indicado ECMO-VV no décimo dia do trauma. Iniciado hemodiálise contínua precoce por disfunção renal KDIGO III. Apresentou complicações como atelectasia, com melhora após broncoscopia e toillete, icterícia e sangramento em cavidade oral, associado a instabilidade hemodinâmica e necessidade de transfusão de hemoconcentrados. Iniciou melhora hemodinâmica e respiratória a partir do sexto dia de ECMO-VV, neurológico preservado e sangramento nasal e oral em resolução após medidas tópicas. Decanulado de ECMO-VV no nono dia, seguido de extubação, porém, à retirada do suporte ventilatório invasivo, evoluiu com eliminação abundante de coágulos e sangramento de cavidade oral, deteriorização clínica, dessaturação e, apesar das medidas adotadas, parada cardiorrespiratória por 45 minutos e óbito. Posteriormente, levantou-se a hipótese de fístula aorto-traqueal pós traumática bloqueada pelo tubo orotraqueal. Entendemos que a anticoagulação sistêmica necessária pode ter contribuído para o desfecho catastrófico, mesmo que dificilmente previsível. Esse caso enfatiza a complexidade ao se ponderar a utilização da ECMO-VV no contexto de trauma.