Dados do Trabalho

Título

Encefalopatia grave por ceftazidime-avibactam em paciente sem injúria renal

Descrição do caso

Ceftazidime-avibactam (CAZ-AVI) é aprovado para tratamento de infecções por germes multirresistentes, porém seu perfil de segurança ainda requer investigação. Relata-se o caso de paciente feminina com choque séptico de foco abdominal recebendo antibioticoterapia dirigida com CAZ-AVI para Klebsiella pneumoniae KPC. Quatro dias após, iniciou com bradipsiquismo, redução do nível de consciência e mioclonias difusas, necessitando de intubação orotraqueal. Exames investigativos descartaram patologia primária do sistema nervoso central, mas eletroencefalograma foi compatível com encefalopatia tóxico-metabólica, evidenciando ondas trifásicas bilaterais e assíncronas, sendo o antibiótico suspenso. Posteriormente, evoluiu com insuficiência renal aguda (IRA) com indicação de terapia substitutiva renal. Quarenta e oito horas após diálise contínua e suspensão da medicação, apresentou melhora neurológica, sendo extubada. Considerando que a excreção do CTZ-AVI é predominantemente renal, a IRA pode alterar sua farmacocinética, diminuindo sua depuração e levando ao seu acúmulo. Por sua vez, seu metabólito pode ser removido na diálise. Altas concentrações de cefalosporinas no cérebro ou líquido cefalorraquidiano (LCR) podem diminuir o limiar convulsivo por antagonismo competitivo no receptor GABA-A de maneira dose-dependente. Estudos relatam alterações neurológicas ocasionais em pacientes com IRA. Até o momento, porém, há poucos relatos de encefalopatia por CTZ-AVT em pacientes sem disfunção renal e não há dados disponíveis relacionados à sua penetração no sistema nervoso central, embora modelos animais evidenciam uma média de penetração no LCR em torno de 38%. Assim, a neurotoxicidade por CTZ-AVT em pacientes sem IRA deve ser melhor estudada por seu potencial efeito deletério e pelo aumento recente do seu uso.