Dados do Trabalho

Título

Parada cardiorrespiratória por Síndrome de Hiperabsorção de fluido de irrigação durante HoLEP

Descrição do caso

Com o advento das novas técnicas de ressecção prostática, síndrome de absorção de fluidos de irrigação tornou-se rara. Relata-se um homem 78anos, hipertenso e portador de hiperplasia prostática benigna submetido à HoLEP. Após 2horas de procedimento, apresentou edema cervicofacial e insuficiência ventilatória, resultando em parada cardiorrespiratória em AESP. Realizada reanimação e intubação com retorno de circulação espontânea em 7minutos. POCUS evidenciou padrãoB pulmonar difuso, VCI2cm sem variação e boa função ventricular. Cirurgia interrompida com descrição de irrigação prostática com aproximadamente 90litros de NaCl0,9%. Paciente transferido para CTI, apresentando choque grave: noradrenalina 0,8mcg/kg/min e vasopressina 0,04UI/min, VM FiO2100% PEEP12 SPEEP16 VC420 FR22 P/F49, lactato4,5mmol/L, Na122mmol/L K2,6mmol/L Ca0,85mmol/L Mg0,2mg/dL e pH7,16 HCO314,6 EB-13,2. Exames investigativos descartaram outras etiologias. Persistiu com distúrbios eletrolíticos supracitados sendo realizada reposição diária de eletrólitos e manejo da sobrecarga volêmica com furosemida. Evoluiu com melhora progressiva, extubado em 10dias, com recuperação hidroeletrolítica total. HoLEP baseia-se na enucleação prostática utilizando salina isotônica como irrigação e energia laser com penetração tecidual mínima, resultando em menor risco teórico de sangramento e absorção excessiva de fluidos. No caso descrito não houve perfuração prostática, porém o maior gradiente de pressão, tempo cirúrgico, tamanho prostático e quantidade de líquido administrado podem ter contribuído para a sobrecarga volêmica expressiva e distúrbios hidroeletrolíticos dilucionais graves - o que pode ocorrer em até 9% dos casos. Prevenção, identificação e tratamento precoces são fundamentais para evitar desfechos desfavoráveis.