Dados do Trabalho

Título

Escore MRC como preditor prognóstico em pacientes submetidos a ventilação mecânica por COVID-19: uma coorte retrospectiva

Objetivo

Analisar a correlação entre o escore Medical Research Council (MRC) de doentes críticos internados por síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 e a taxa de sucesso em desmame de ventilação mecânica (VM) e alta hospitalar.

Métodos

Estudo de Coorte retrospectiva entre 2020 e 2021 em hospital terciário. Cálculo de MRC no despertar (primeira medida após pausa de sedação endovenosa contínua), na alta da UTI e variabilidade: MRC na alta - MRC no despertar.

Resultados

Incluímos 165 pacientes. Idade média: 52 anos (±13,9). 85% usaram bloqueadores neuromusculares; 95%, corticoide. Média de SAPS-3: 60,4 (±12,60); SOFA: 6 (±2,83); MRC no despertar: 37,52 (±12,54); e variabilidade do MRC: 8,97 (±9,67).
Em análise univariada, o MRC no despertar não se associou a maior sobrevida: 38 (30-48) versus 28 (19-30) nos não sobreviventes (p=0,12); tampouco a variabilidade de MRC: 8 (1-16) versus 7,5 (3,7-15) (p=0,98).
Em regressão linear, o MRC do despertar associou-se a maior número de dias livres de VM em 60 dias (coeficiente 0,33; IC 95% 0,23 - 0,43; p <0,01) mas não a variabilidade do MRC (coeficiente 0,03; IC 95% -0,06 - 0,13; p = 0,49)
No modelo linear generalizado, nenhuma das variáveis se associou à alta hospitalar: MRC no despertar (0,99; 0,99–1,00; p=0,199), variabilidade de MRC (0,99; 0.99-1.00; p=0.241), SOFA (1,00; 0,99–1,02; p=0,115), SAPS-3 (1,002; 0,999–1,00; p=0,241) e traqueostomia (RR 1,064; 0,985–1,15; p=0,115).

Conclusão

O MRC apresentou-se pior nos subgrupos: readmissão em UTI e traqueostomia.
As variáveis MRC no despertar, variabilidade de MRC, SOFA e SAPS-3 demonstraram tendência de associação com alta hospitalar.