Dados do Trabalho

Título

Pneumopericárdio: causa reversível de choque refratário a catecolaminas

Descrição do caso

Adolescente, 15 anos, sexo feminino, em tratamento de leucemia mieloide aguda, admitida na unidade de terapia intensiva pediátrica oncológica em 01/03/19 para vigilância e tratamento de febre, neutropenia e pneumonia a esquerda. Persistia com febre mesmo em uso de antibioticoterapia de amplo espectro, inclusive antifúngico, e evoluiu com piora progressiva do desconforto respiratório e necessidade de intubação, choque séptico refratário a catecolaminas e, em 22/03/19, apresentou 5 paradas cardiorrespiratórias(PCR). Identificada em uma das PCR traçado e clínica compatíveis com atividade elétrica sem pulso, quando foi pensado na possibilidade de causa mecânica que pudesse estar comprometendo o débito cardíaco, pois não responsivo a volume e drogas vasoativas (DVA),sendo solicitado um RX de tórax. Este mostrou um pneumopericárdio que foi drenado e, logo em seguida, foram reduzidas as doses elevadas das DVA até suspendê-las, pois evoluiu com hipertensão arterial sistêmica. Para investigar a origem do pneumopericárdio, foi feita uma tomografia de tórax que evidenciou uma fistula bronco pericárdica que foi corrigida cirurgicamente 10 dias após o diagnóstico do pneumopericárdio (01/04/19). Recebeu alta da UTI uma semana após a cirurgia corretiva (17/04/19). Diante dos desafios de um paciente imunocomprometido com choque séptico refratário a catecolaminas e PCR, este caso trouxe um alerta para a possibilidade de se pensar em uma causa reversível de choque séptico refratário a catecolaminas e PCR, pois o diagnóstico pode ser feito com um exame complementar acessível, RX de tórax, e a terapia salvadora imediata também pode ser realizada em qualquer unidade de terapia intensiva.