Dados do Trabalho

Título

Abordagem do paciente crítico com pancreatite aguda por hipertrigliceridemia

Descrição do caso

A pancreatite aguda é a inflamação súbita do pâncreas, frequentemente desencadeada por cálculos biliares ou consumo excessivo de álcool. Contudo, altos níveis de triglicerídeos no sangue são a terceira causa de pancreatite, representando de 1 a 4% dos casos. Paciente GPF, 29 anos, natural e procedente de Franca, com pré-diabetes e antecedentes familiares de hipertrigliceridemia. Apresentou dor abdominal epigástrica em novembro de 2022, tendo piorado em dezembro, acompanhada de vômitos intensos. Foi admitido na unidade de terapia intensiva em 30 de dezembro de 2022. Foi diagnosticado com cetoacidose diabética e pancreatite aguda Balthazar E por hipertrigliceridemia. Na admissão, triglicerídeos 500 mg/dl e glicemia 521 mg/dl. Paciente em jejum, tratamento de cetoacidose, insulina e meropenem. Durante internação de 120 dias, foram realizadas intervenções endoscópicas, onde foram visualizadas lesões com presença de secreção purulenta, sendo realizadas necrosectomias e lavagens da cavidade abdominal. Na cultura de abscesso de coleção pancreática cresceu Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos, sendo iniciada polimixina. Desenvolveu insuficiência respiratória aguda, sendo intubado após dois dias da admissão. Apresentou choque séptico, miocardiopatia associada a sepse, lesão renal aguda e hemorragia digestiva alta, com úlceras traumáticas na endoscopia. Houve também diagnóstico de hepatite transinfecciosa e colecistite enfisematosa. O paciente teve alta, ainda em uso de dieta enteral. O caso ilustra a complexidade do manejo de um paciente com pancreatite aguda severa causada por hipertrigliceridemia, envolvendo múltiplas intervenções e complicações sistêmicas, requerendo abordagem multidisciplinar e terapêutica diversificada para o controle e resolução das complicações clínicas.