Dados do Trabalho

Título

Choque séptico por Pasteurella multocida em Paciente imunocompetente após mordedura de felino

Descrição do caso

A Pasteurella multocida é uma bactéria comensal da mucosa oral de várias espécies animais coabitantes do ambiente humano, incluindo cães e gatos. A zoonose mais comum causada por este patógeno são infecções de pele e tecidos moles subsequentes a mordeduras ou arranhaduras. A incidência de quadros severos, como sepse, em seres humanos é considerada rara. Nesse contexto, relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 75 anos de idade, imunocompetente, que havia passado por substituição valvar aórtica quatro meses antes de sua internação. A admissão hospitalar ocorreu em virtude de um quadro de choque séptico. Inicialmente, a terapia antimicrobiana consistiu na administração de ceftriaxona e gentamicina. No enquanto, a paciente apresentou deterioração hemodinâmica, sendo então escalonada a terapia para daptomicina e ceftriaxona. No terceiro dia, foi identificada nas hemoculturas da admissão hospitalar Pasteurella multocida, sendo então direcionada a terapia antimicrobiana. Na investigação epidemiológica à exposição a animais, a paciente relatou uma mordedura de gato ocorrida uma semana antes. A paciente recebeu quatro semanas de antibioticoterapia, pois apesar de ecocardiograma sem vegetações foi considerada como uma paciente de alto risco. A paciente respondeu ao tratamento antimicrobiano e teve alta hospitalar. Embora infrequente, a Pasteurella multocida pode desencadear infecções graves, como sepse, endocardite, pneumonia e meningite, sobretudo em idosos ou indivíduos imunossuprimidos. Geralmente, apresenta suscetibilidade a penicilinas naturais, aminopenicilinas, algumas cefalosporinas, fluoroquinolonas, sulfametoxazol-trimetoprima e doxiciclina. Em casos de infecções graves, a administração endovenosa é recomendada. Casos de cepas multirresistentes não foram relatados em infecções em humanos.