Dados do Trabalho

Título

ENCEFALITE AUTOIMUNE: UM IMPORTANTE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL NO NEUROINTENSIVISMO

Descrição do caso

A encefalite autoimune (EA) é uma inflamação cerebral causada por uma resposta imune mal direcionada contra autoantígenos no sistema nervoso central. Relatamos o caso de uma mulher, 52 anos, previamente hígida, com história de febre, náuseas e vômitos há 1 semana da admissão, e relato do dia anterior com pico pressórico e desorientação, lentificação, prosopagnosia e rigidez de nuca. Na admissão estava desorientada, hipertensa, taquicárdica e febril (37,9°C). Na suspeita de meningite, iniciou-se ceftriaxona, embora o estudo liquórico não mostrasse alterações significativas. Após 48 horas, a tomografia computadorizada de crânio evidenciou edema encefálico com leve efeito de massa, evoluindo com rebaixamento do sensório no mesmo dia, necessitando de suporte ventilatório e cuidados intensivos. Após isso, apresentou olhar conjugado desviado à direita, hemiplegia à esquerda e padrão respiratório de Cheyne-Stokes. Após 7 dias, apresentou hiperproteinorraquia e hipercelularidade com predomínio linfomonocitário, com PCR de líquor negativo para encefalite viral. Uma ressonância magnética de encéfalo sugeriu encefalite crônica por apresentar áreas de gliose/edema citotóxico e sinais de necrose laminar cortical. Na suspeita de EA, foi solicitado painel autoimune, com resultados de anti beta2-microglobulina (IGG +, IGM -) e FAN 1:320 PONTILHADO FINO. A paciente respondeu bem a pulsoterapia, evoluindo posteriormente com alta hospitalar. Encefalites autoimunes são pelo menos tão comuns quanto as infecciosas. A sintomatologia neurológica é ampla e geralmente responde a imunoterapias. Sua identificação e tratamento precoces melhoram o prognóstico. Tumores e distúrbios metabólicos são diagnósticos diferenciais, e a imunoterapia só pode ser absolutamente contraindicada no cenário de algumas infecções.