Dados do Trabalho


Título

Consequências da nutrição tardia em unidade de terapia intensiva pediátrica do Sul do Brasil

Objetivo

Analisar a associação entre início tardio da nutrição enteral e desfechos negativos em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) de hospital de alta complexidade no Sul do Brasil.

Métodos

Trata-se de estudo de coorte retrospectiva, com dados obtidos em prontuários de crianças internadas entre 2012 e 2017. A variável independente foi o início tardio da nutrição enteral (> 24 horas após admissão). Os desfechos analisados foram maior tempo de permanência na UTIP e no hospital, incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e óbito. Modelos de regressão de Poisson com variância robusta foram ajustados por variáveis potencialmente confundidoras, com apresentação dos riscos relativos (RR) e intervalos de confiança (IC) de 95%. Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE: 83069418.7.0000.5231.

Resultados

Foram analisadas 840 internações. Destas, 311 (37,0%) tiveram início tardio da nutrição, 252 (30,0%) tiveram diagnóstico de IRAS, e 93 não sobreviveram (11,1%). Após todos os ajustes, o início tardio da nutrição enteral associou-se com maior tempo de permanência na UTIP (RR: 1,41; IC 95%: 1,01-1,30) e no hospital (RR: 1,22; IC 95%: 1,06-1,41), e com maior incidência de IRAS (RR: 1,40; IC 95%: 1,14-1,73). A associação com mortalidade deixou de ser significativa apenas após ajustes por indicadores de gravidade na admissão.

Conclusão

Os resultados indicam que postergar o início da nutrição pode levar a desfechos negativos, os quais, por sua vez, podem tanto ocasionar outros prejuízos às crianças que não recebem nutrição precocemente como reduzir o acesso de outras que necessitem dos leitos.

Área

Pediatria

Autores

ARNILDO LINCK JÚNIOR, FLAVIA LOPES GABANI, SELMA MAFFEI DE ANDRADE, ANA MARIA RIGO SILVA