Dados do Trabalho

Título

Choque obstrutivo por quilopericárdio pós valvoplastia mitral: um relato de caso.

Descrição do caso

O quilopericárdio é uma complicação muito rara das cirurgias cardíacas, correspondendo a 0,0004 a 0,15% das complicações nestes procedimentos. A presença do quilo no pericárdio se dá por lesão no ducto torácico, nas tributárias do ducto ou pela trombose das veias jugular e subclávia esquerda. Paciente RCRS, 38 anos, hipertensa, diabética e portadora de valvopatia mitral reumática grave, foi admitida no dia 23/03/2023 no Hospital Calixto Midlej Filho para valvoplastia mitral. Procedimento realizado sem intercorrências, e com sua evolução favorável recebeu alta dia 29/03/2023, apresentando bom estado geral e duplo produto controlado. No dia 30/03/2023, a paciente retorna à UTI com quadro de taquidispneia, taquicardia sinusal, hipotensão e mal perfundida, sendo necessária ventilação invasiva e drogas vasoativas. Após visualização de pulso paradoxal no monitor e com a realização do POCUS, foi evidenciado tamponamento cardíaco, responsável pelo choque obstrutivo em curso. Encaminhada imediatamente ao centro cirúrgico, onde a equipe retirou de 1500ml de aspecto leitoso na pericardiocentese e colocou de um dreno pericárdico. Diante da suspeita de quilopericárdico, foi iniciada imediatamente nutrição parenteral (com triglicerídeos de cadeia média). A segunda amostra coletada confirmou o diagnóstico (a primeira amostra foi insuficiente para análise). Nos dois primeiros dias após drenagem, constatou-se que a baixa produção era por causa do aporte incorreto da NPT. Após o devido ajuste, a quantidade drenada foi decrescente até cessar em seis dias. Ao todo foram 11 dias de NPT, e após retirada do dreno com posterior ecocardiograma, a paciente recebeu alta da UTI e logo após alta hospitalar.