Dados do Trabalho
Título
Comparação de fenótipos de pacientes sépticos estabelecidos pela menor contagem de plaquetas do período da internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Objetivo
Comparar, em pacientes admitidos em UTI por sepse/choque séptico, fenótipos de três grupos estabelecidos por menor contagem de plaquetas do período da internação.
Métodos
Coorte retrospectiva de ≥18 anos admitidos em UTIs de 5 hospitais de Curitiba-PR por sepse/choque séptico entre 01/05/2023 e 31/04/2024. Foram excluídos: registros incompletos; advindos/transferidos de outros serviços; doentes hematológicos; cirróticos; com insuficiência hepática; choque hemorrágico, neurogênico e anafilático. Os três grupos comparados são: G1:≥150-109/L; G2:<150-109/L-≥100-109/L e G3:<100-109/L.
Resultados
Dos 8797 pacientes, foram incluídos 1374. G1(n=858), G2(n=304) e G3(n=212) são significativamente diferentes em média de idade (G1:71,6±16,6; G2:74,9±13,9; G3:70±14,7), proporção de sexo masculino (G1:43,4%; G2:52%; G3: 47,2%), presença de doença renal crônica (G1:11,1%; G2:16,8%; G3:17%), e etilismo(G1:2,8%; G2:2,3%; G3:6,6%). O G1 teve mediana (Q1-Q3) do APACHE-II de 18(13-24) e da escala clínica de fragilidade de 5(3-6), significativamente maiores que dos outros dois. SOFA mediano (G1:4[2-6]; G2:5[3-8] e G3:6[3-10]) e SOFA máximo(G1:5[3-7]; G2:6[3-9] e G3:7[4-11]) ambos da internação e desconsiderando plaquetas, foram significativamente diferentes entre os grupos, assim como os dias de permanência em UTI (G1:4[2-7]; G2:5[3-9] e G3:6[3-12]; p<0,001). O uso de ventilação mecânica invasiva (VMI) (G1:28,9%; G2:37,8% e G3:49,5%; p<0,001), terapia renal substitutiva (TRS) (G1:4%; G2:7,2% e G3:17%; p<0,001) e infecção nosocomial (G1:47,6%; G2:56,3% e G3:61,8%; p<0,01) diferiu entre os grupos. A mortalidade na UTI foi impactada conforme piora da disfunção plaquetária (G1:6,7%; G2:30,3% e G3:50,9%; p<0,001).
Conclusão
Disfunção plaquetária em qualquer momento da internação de pacientes sépticos está associado com piores desfechos - uso de VMI e TSR, infecção nosocomial, tempo de internamento em UTI e mortalidade.
Área
Sepse
Autores
Rafael Lacerda Klüppel, Rafaella Stradiotto Bernardelli, Leandro Caramuru Pozzo, Verônica da Silva Barros, Luana Alves Tannous, Rafael Alexandre de Oliveira Deucher, Amanda Christina Kozesinski-Nakatani, Álvaro Réa-Neto