Dados do Trabalho

Título

Insuficiência hepática aguda como manifestação inicial de Leucemia Linfoblástica Aguda: Relato de Caso

Descrição do caso

M.P.J.P, masculino, 42 anos, procedente de Cuiabá-MT, obeso e hipertenso, buscou pronto atendimento com queixa de febre não aferida, astenia, icterícia e colúria há 24 horas. Referia ainda sintomas gripais há 15 dias, com persistência de tosse seca. Os exames laboratoriais revelaram bicitopenia (leucopenia e plaquetopenia), PCR elevado, icterícia às custas de bilirrubina direta e elevação de transaminases hepáticas. Urina com urobilinogênio aumentado, bilirrubinúria, hematúria, proteinúria, cilindros granulosos, nitrito positivo, urocultura negativa. Sorologias para HIV, sífilis, hepatites, leptospirose, febre amarela, hematozoários, CMV, herpes e hantavírus resultaram negativos. Tomografia de abdome mostrou sinais de esteatose hepática moderada e esplenomegalia. Já a tomografia de tórax revelou focos tênues de atenuação em vidro fosco no pulmão direito, sem especificidade diagnóstica. Descartada doença veno-oclusiva. Admitido em UTI para monitorização, evolui com piora da neutropenia, plaquetopenia e função hepática, com aumento progressivo da bilirrubina direta e injúria renal (eGFR CKD-EPI 29mL/min/1.73m²) após 48h do início dos sintomas. No quarto dia de internação, apresenta sinais de encefalopatia hepática, indicada então hemodiálise hepática (SPAD) e solicitada transferência para um centro de referência em transplante hepático. Seguindo a investigação, o aspirado de medula óssea identificou 76,2% de células blásticas com expressão de marcadores linfóides B, com achados imunofenotípicos e citomorfológicos compatíveis com "Leucemia Linfoblástica Aguda B", uma neoplasia relativamente rara em adultos. Este caso destaca a importância de considerar neoplasias hematológicas como diagnóstico diferencial de insuficiência hepática aguda de causa indeterminada, uma vez que o diagnóstico precoce é crucial para instituição do tratamento adequado em tempo hábil.