Dados do Trabalho

Título

Miocardite aguda fulminante por dengue e ECMO

Descrição do caso

Paciente feminina de 44 anos, com diagnóstico de dengue (teste NS1), procura atendimento prostrada, hipotensa e com má perfusão periférica. Realizada expansão volêmica, sem resposta hemodinâmica, sendo transferida para a UTI.
O ultrassom beira-leito revelou disfunção biventricular grave, com fração de ejeção de 25% e IC de 1,1 LPM/m². Tratamento inicial com drogas vasoativas e hidrocortisona.
Diante da rápida piora clínica foi indicado suporte circulatório com ECMO, com melhora imediata dos parâmetros hemodinâmicos. Pelo diagnóstico presuntivo de miocardite aguda fulminante em vigência de dengue, recebeu imunoglobulina endovenosa (IVIG) e anticoagulação terapêutica.
Paciente desenvolveu sangramento em cavidade oral, com coagulopatia e trombocitopenia. Realizada terapia transfusional e ajuste da anticoagulação, mas a condição hemodinâmica continuou a se deteriorar. A introdução de balão intra-aórtico trouxe alguma melhora, mas a paciente evoluiu para choque refratário com acidose metabólica e hipercalemia. Indicada terapia de substituição renal contínua, mantendo piora da função cardíaca.
Optado por intubação orotraqueal e realizada EDA beira-leito, sem sangramento ativo. Realizada broncoscopia, com achado de hemorragia alveolar difusa. Novo POCUS, com VTI incalculável, FE <15% e VD com hipocinesia difusa.
Paciente em piora clínica progressiva, com perfusão inadequada, livedo difuso apesar de uso de DVA (noradrenalina 0,37mcg/kg/min, vasopressina 0,04U/min e dobutamina 15mcg/kg/min) + BIA (1:1) + ECMO (2410 RPM - Débito 0,94 - sweep 6; FiO2 100%) + CVVHDF + ventilação mecânica. Além disso, paciente com pupilas midriáticas sem fotorreatividade. Optado por desligar a sedação.
Impressão clínica de choque refratário com quadro clínico irreversível. Desligada a ECMO e paciente evolui à óbito.