Dados do Trabalho

Título

Ruptura espontânea de pseudo aneurisma de artéria esplênica

Descrição do caso

Paciente feminina, 13 anos, com hepatopatia crônica por atresia de vias biliares com cirurgia de Kasai. Procurou pronto socorro devido dor abdominal súbita associada à síncope, não havia sangramentos externos ou trauma, sem febre na história. Na entrada já apresentava-se com hipotensão e anemia (Hb: 6.5 mg/dL), recebeu expansões volêmicas, concentrado de hemácias e antibioticoterapia. Manteve hipotensão e anemia, recebeu mais volume, necessitou de vasopressores em doses elevadas. Evoluiu com acidemia importante (lactato arterial: 175mg/dL), hiperamonemia e coagulopatia de consumo.TC de abdome evidenciou grande quantidade de sangue em cavidade abdominal com hipótese de ruptura de pseudoaneurisma em artéria/veia esplênica (PAE). Em UTI recebeu fibrinogênio isolado e complexo protrombínico, com discreta melhora e estabilidade momentânea. Radiointervenção demonstrou vasoconstrição difusa de tronco celíaco com sinais de sangramento ativo e pseudoaneurismas no território da artéria esplênica. Abordagem com sucesso. Evoluiu com estabilidade do sangramento e coagulopatia, porém com choque refratário, anúrica, sem possibilidade de diálise, evoluiu para óbito por hipercalemia 35 horas após início do quadro. Os pseudoaneurismas viscerais são raros e manifestam principalmente em contextos de traumas. Cerca de 200 casos de PAE são relatados, sendo a subamostra pediátrica inteiramente relacionada a trauma abdominal. As causas de PAE em adultos são pancreatite crônica, trauma abdominal e aumento de pressão intra-abdominal. Aventa-se a hipótese de nossa paciente ter apresentado pancreatite associada a colangites recorrentes, desencadeando então a formação dos PAE. A raridade desta lesão venosa atribui dificuldade diagnóstica ao caso, o que pode atrasar o manejo ideal e tratamento.