Dados do Trabalho

Título

Aspergilose rino-orbital-cerebral mimetizando mucormicose em neonato.

Descrição do caso

Infecções fúngicas são reconhecidas como contribuintes significativos para a morbidade e mortalidade neonatal. Especificamente, a Mucormicose se manifesta por uma variedade de síndromes diferentes em humanos, particularmente em pacientes imunocomprometidos. Dentre as síndromes mais comuns causadas por esses fungos, estão as devastadoras infecções nasocerebrais. Relatamos um caso de um paciente de 1 mês e 5 dias, idade corrigida de 20 dias, que deu entrada no serviço para investigação de um quadro de neutropenia, plaquetopenia e hepato-esplenomegalia. O paciente apresentava ferritina de 7352,5 ng/mL, triglicérides sem jejum de 262,74 mg/dL, neutrófilos nulos, plaquetas de 94.000 e hematofagocitose a biópsia de medula óssea, fechando 5 dos critérios necessários para o diagnóstico clínico de Linfohistiocitose hemofagocítica (HLH). Durante a investigação, o paciente apresentou obstrução de via aérea alta, não sendo possível progredir e identificar qualquer lesão com o nasofibroscopia. Evoluiu com edema periorbital e com rápida progressão para uma necrose supurativa na região. Uma ressonância magnética da face inferiu necrose de parte da musculatura extrínseca ocular e das estruturas centrais da face, incluindo cavidade nasal, palato e porção medial das órbitas. O conjunto de achados era suspeito para doença fúngica invasiva. Ao exame microscópico dos cortes histológicos, notou-se numerosas estruturas fúngicas (hifas) degeneradas e viáveis, o principal diagnóstico diferencial morfológico para o fungo observado foi feito entre fungos da ordem Mucorales e Aspergillus. A cultura do fungo cresceu para Aspergillus parasiticus. A gravidade e raridade do caso ressalta a importância de considerar este diagnóstico em imunocomprometidos, incluindo a população neonatal.