Dados do Trabalho

Título

Evolução atípica de mediastinite aguda não relacionada com procedimento cirúrgico: um relato de caso

Descrição do caso

A mediastinite aguda (MA) caracteriza-se como um processo inflamatório do tecido conectivo do mediastino. É mais prevalente no sexo masculino, tem baixa incidência e alta morbimortalidade. As principais causas são pós esternotomia mediana, ruptura do esôfago e supurações da cabeça e pescoço. O diagnóstico é difícil e geralmente tardio. Homem, 29A, etilista, previamente hígido, deu entrada em pronto atendimento com quadro de abscesso inflamatório em região lateral esquerda do pescoço e odinofagia há 8 dias, febre de início há 15 dias, seguido de mialgia, artralgia difusa e cefaléia, sem melhora. Exame físico apresentava candidíase oral, taquicardia, ausculta pulmonar com crepitações em ápice direito e murmúrios vesiculares abolidos em bases, saturando 92% com oxigênio 3L/min, abdome plano, doloroso à palpação profunda em região epigástrica. Realizou-se punção do abscesso com retirada de substância purulenta, sendo encaminhado para a unidade de terapia intensiva. Foi submetido a drenagem torácica à direita, com retirada de secreção purulenta em grande monta. Radiografia de tórax sem alterações e tomografia de tórax revelou achados sugestivos de abscesso retrofaríngeo com sinais de MA; derrame pleural bilateral, maior à esquerda, associado a atelectasia passiva do lobo inferior esquerdo e derrame pericárdico em moderado volume, associado a espessamento do pericárdio, podendo indicar pericardite. Introduziu-se a antibioticoterapia de amplo espectro, colheu-se a cultura das secreções aspiradas e o paciente foi encaminhado para serviço de cirurgia cardiovascular. Nota-se a importância da consideração de MA em casos atípicos, pois o diagnóstico precoce e o tratamento imediato são fundamentais para uma melhor evolução clínica.