Dados do Trabalho

Título

Mudanças no perfil epidemiológico dos pacientes internados na UTI de um hospital de médio porte durante e após a pandemia do COVID-19.

Objetivo

Analisar possíveis variações no perfil clínico e epidemiológico dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI) no período pandêmico comparado ao pós-pandêmico.

Métodos

Coorte retrospectiva que incluiu todos os pacientes admitidos na UTI a partir de 11/03/2020, excluindo aqueles menores de 18 anos. O período pandêmico foi definido com base na declaração da Organização Mundial de Saúde, que estabeleceu o início em 11 de março de 2020, e na portaria do Ministério da Saúde, que declarou o término no Brasil em 22 de abril de 2022. Foi utilizada análise descritiva e univariada pareada. Considerou-se estatisticamente significante p<0.05.

Resultados

Foram excluídos 22 pacientes. Dos 2160 pacientes analisados, 1.351 foram admitidos no período pandêmico e 809 no período pós-pandêmico. Tendo como referência o pós-pandêmia, houve um aumento na mediana da idade [66 (intervalo interquartil (IIQ):52-79) contra 71 (IIQ:58-82);p<0.001] e redução no índice de massa corpórea [25 (IIQ:22-29) vs. 26 (IIQ:22-30);p<0.001] e pontuação do SAPS3 [47 (IIQ:40-55) contra 48 (IIQ:40-57);p=0.02). A proporção de indivíduos frágeis aumentou [107(13,2%) vs. 127 (9,3%);p=0.005], bem como a proporção de acidente vascular encefálico [16,6%vs.12,3%;p=0.007] e demência [13,8%vs.6,2%;p<0.001]. No período pandêmico, chama atenção a proporção de insuficiência respiratória [43,6%vs.28,3%;p<0.001], necessidade de vasopressor à admissão [14,4%vs.3,3%;p<0.001] e escore de coma de Glasgow>15 [37%vs.55,3%;p<0.001].

Conclusão

O estudo identificou mudanças significativas no perfil clínico e epidemiológico dos pacientes na UTI entre os períodos pandêmico e pós-pandêmico, com um aumento na idade e em condições como fragilidade e demência no período pós-pandêmico. Os achados têm implicações importantes para a alocação de recursos e perspectivas futuras.