Dados do Trabalho


Título

Familiares e terminalidade em UTI: o Ambulatório do Luto como tecnologia de cuidado em um hospital universitário.

Objetivo

Analisar os efeitos da prática psicanalítica no processo de luto de familiares atendidos, inicialmente na UTI, e, posteriormente, no Ambulatório do Luto de um hospital universitário.

Métodos

Trata-se de um recorte de uma pesquisa de mestrado de abordagem qualitativa e estratégia metodológica de estudo de uma série de casos clínicos. Foram utilizados, retrospectivamente, os registros em prontuário multiprofissional e psicológico de familiares acompanhados pela psicóloga na UTI e que seguiram no Ambulatório do Luto da instituição entre 2015 e 2018. Os dados foram analisados a partir da teoria da psicanálise freudo-lacaniana. A pesquisa teve aprovação do comitê de ética da instituição.

Resultados

O início do acompanhamento psicológico aos familiares na UTI e a continuidade no ambulatório favoreceram o trabalho do luto. Foram observados alguns efeitos clínicos nos pacientes atendidos como o estabelecimento de uma relação menos dolorosa com as lembranças do ente falecido; redução de sintomas depressivos, queixas psicossomáticas, atos suicidas e comportamentos de risco; além da retomada de aspectos interrompidos e/ou paralisados, como as atividades laborais e as relações familiares.

Conclusão

Em muitos casos, familiares apresentam sinais de luto antecipatório na UTI e o manejo multiprofissional pode favorecer ou dificultar o trabalho do luto, que se estenderá para além do contexto dessa unidade. O atendimento psicológico, iniciado na UTI, funcionou como fator protetivo para o luto. A continuidade no ambulatório favoreceu a elaboração da perda e, consequentemente, a saída da depressividade característica no luto. Apostar em outras tecnologias de cuidado pode evitar a medicalização excessiva e/ou precipitada de reações associadas ao luto.

Área

Terminalidade, Humanização

Autores

MÔNICA FERREIRA SAMPAIO VENÂNCIO, Cristiane de Oliveira Santos