Dados do Trabalho

Título

Intoxicação por metformina: diagnóstico diferencial de hiperlactatemia

Descrição do caso

Paciente J.S. , 71 anos, histórico de diabetes, tabagismo, hipertensão, vasculopatia periférica e doença renal crônica estágio 3. Interna por quadro de insuficiência respiratória associada a choque. História de há 1 semana apresentar quadro de diarreia em domicílio. Na chegada apresentava hipoglicemia e acidose metabólica importante com pH 6,8 HCO3 5 lactato 16. Creatinina 8,5mg/dl. Hipercalemia. Iniciou brevemente hemodiálise veno-venosa contínua, com melhora gradual da acidose porém persistia com hiperlactatemia importante no controle.
Foi feita hipótese de isquemia mesentérica, realizou angiotomografia de abdome que foi negativa. Evidenciada colite de colon direito.
Então em discussão do caso, medicações de uso prévio foram revisadas, paciente usava dose de metformina 2000mg por dia. Feita então hipótese diagnóstica de piora da insuficiência renal pela desidratação da diarreia pela colite, atingindo níveis tóxicos de metformina que contribuíram para acidose e para a hiperlactatemia acentuada.
Progressivamente os níveis de lactato clarearam, acidose foi resolvida e paciente teve alta da UTI, ventilando espontaneamente e realizando hemodiálise intermitente.
O uso metformina em pacientes com taxa de filtração glomerular limítrofes acontece, devido aos benefícios da medicação para pacientes diabéticos e ausência de outra medicação que atue de forma semelhante.
A intoxicação pela droga não é comum, estando associada geralmente a ingestão de níveis tóxicos acidentais/ propositais, ou em casos de insuficiência renal, hepática, estados de doença crítica.
O mecanismo para a hiperlactatemia marcada se dá inibição da gliconeogenese do lactato no fígado, através de inibição da respiração mitocondrial.
A mortalidade é alta, maior em casos como esse com Ph<6,9.